Retrospectiva 2015

O ano de 2015 vai ficar marcado para sempre como a minha mudança para o Canadá. Foi uma reviravolta e tanto! Porém, está longe de ser a única coisa legal que aconteceu esse ano. Foram tantas alegrias e tantas conquistas, que eu decidi recapitular! 😀

Começando por algo muito especial: esse ano recebi o Troféu Cecília Meireles, uma homenagem pela minha contribuição à cultura nos últimos anos. O evento Mulheres Notáveis aconteceu em Itabira, MG.

Retrospectiva 2015-01

Enquanto isso, em Campo Grande, ocorriam os encontros do Clube do Livro SAV, no qual dois de meus livros foram adotados. Fui convidada a participar da discussão, e aproveitei para participar também em outro dia, no qual o tema era As Crônicas de Nárnia. É uma pena que eu tenha descoberto esse clube do livro quando já estava indo embora do país, porque foi uma experiência muito bacana!

Retrospectiva 2015-02

Ano passado foi o ano das palestras. Devo ter visitado metade das escolas de Campo Grande. Esse ano, fui convidada a dar uma palestra de incentivo à leitura (e à escrita!) na cidade de Ipuã, SP. Três escolas participaram, com alunos de 8º e 9º anos de dois turnos diferentes, o que significa que dei a mesma palestra de manhã e à tarde. A viagem foi bem corrida, mas o carinho que recebi dos alunos não tem preço!

Retrospectiva 2015-03

Aliás, 2015 foi um ano de viagens! 😀 Tive a oportunidade de conhecer Cancún, no México. Esse lugar é maravilhoso! Viagens costumam ser legais, porém cansativas. Mas não essa. Essa foi totalmente relaxante, tranquila, inspiradora. Quase surreal. As águas verdes do Caribe um dia me verão novamente.

Retrospectiva 2015-04

Brasília visitei duas vezes, uma para resolver pendências do visto canadense, outra para pendências do visto americano. Pouco antes de me mudar, dirigi até o sul do país para dar um “até logo” para a família! 🙂 Fui para Assaí, Curitiba e Florianópolis. Isso, somado ao fato de muitos terem vindo para o meu aniversário e para o aniversário do meu sobrinho, me possibilitou ver quase a família inteira! Além, é claro, de ter conhecido minha sobrinha recém-nascida.

Retrospectiva 2015-05

Uma vez estabelecida por aqui, recebi a vista da minha mãe e passeamos pela província de Nova Scotia. Vimos um farol lindo, uma fazenda que recria os hábitos de vida do século XVIII e o conjunto de fortalezas que protegia a cidade naquela época.

Retrospectiva 2015-06

Mas é claro que eu não fiquei só farreando o ano inteiro. Esse foi um ano de muito trabalho e muito estudo! Estando aqui no Canadá, tive a oportunidade única de estudar em um College e ampliar minhas habilidades no idioma inglês. Funciona assim: Qualquer imigrante pode fazer uma prova para ter seu nível avaliado. A pontuação vai de 1 a 12, sendo que 1 significa que você sabe cumprimentar as pessoas e dar algumas informações sobre você mesmo, e 12 é o inglês nativo. Para ser aceito no país, um imigrante precisa apresentar um certificado de proficiência, cuja exigência vai de 5 a 7, dependendo do processo de imigração. Para esse curso que eu estou fazendo, é obrigatório ter a pontuação acima de 6. Você se forma quando sua nota chega a 8. Complicado? Nem tanto. Na verdade, é genial! Nesse curso, tive que escrever um trabalho científico em inglês. Foi bastante desafiador! Sem contar que a turma reúne pessoas do mundo inteiro, o que permite conversas frutíferas sobre cultura, tradição e política.

Retrospectiva 2015-07

Como nos anos anteriores, trabalhei em um montão de revistas da Editora Coquetel. Elas me dão tanto orgulho! São revistas infantis que reúnem passatempos como Jogo dos Erros, Labirintos e Cruzadinhas. Pude desenhar bastante, diagramar ainda mais e ver se formarem, pouco a pouco, as revistas educativas que farão a alegria de inúmeras crianças. Além das revistas com desenhos originais, trabalhei também em várias revistas de personagens famosos, como Divertidamente, O Bom Dinossauro, Turma do Lambe-lambe e Snoopy. Principalmente Snoopy! 😀 Somando tudo, esse ano contribuí com a criação de 61 revistas. Estando no Canadá, infelizmente eu não tenho acesso a elas. Recebi apenas as que a minha mãe trouxe. Se você está no Brasil, aproveite por mim! Se encontrar na banca uma revista Picolé ou Brincando e Aprendendo, sabia que pode ter dedinho meu.

Retrospectiva 2015-08

Na parte de jogos eletrônicos, programei e ajudei a desenhar o One Hit OK, que foi lançado pelo meu estúdio. Ganha quem tiver o dedo mais rápido! Dá para jogar no modo solo ou com um amigo no mesmo celular. Os jogos que nós criamos são simples, divertidos, mas dão um trabalho que só! Tenho outro quase pronto, mas vai ter que ficar para o ano que vem. Além disso, fomos matéria de jornal por causa do Magic Rampage, o jogo do nosso cliente. Nesse caso, fazemos apenas a parte gráfica.

Retrospectiva 2015-09

Não é novidade pra ninguém que eu goste de fazer um milhão de coisas diferentes! Esse ano participei de treze episódios de podcast. Os temas são diversos: Star Wars, Pokémon, Feminismo, RPG, Dia da Criança, Publicidade… sem falar da entrevista inesquecível que recebemos do querido autor brasileiro Eduardo Spohr.

Retrospectiva 2015-10

Também gravei sete vídeos! A maioria foram dicas para novos autores e entrevistas por hangouts, mas quero destacar o que fizemos para o canal On Board, contando um pouco sobre um dos meus hobbies, que é jogos de tabuleiro. E por falar em dicas, esse ano lancei o site Papo de Autor. Basicamente, esse site reúne a maioria dos textos que eu já escrevi explicando como escrever, publicar e divulgar o seu livro, além de contar com os vídeos e vários textos novos.

Retrospectiva 2015-11

Como já disse, esse foi o ano de mudança para o Canadá. Parece simples, não é mesmo? Parece que eu coloquei os meus trapinhos numa mala, entrei no avião e… pronto! Estou no Canadá! Mas não é bem assim. Além de ser um processo burocrático e cansativo, foi também uma experiência de desapego. Nem tudo cabia na mala. A começar pela tonelada de livros que tínhamos na nossa biblioteca. Quando era criança, eu sonhava em ter um cantinho especial para guardar os meus livros. Ao me casar, essa foi a primeira parte da casa a receber armários (antes mesmo da cozinha!). A coleção era linda, orgulhosa, com aquele cheirinho de papel. Mas exageradamente grande e pesada. A venda de garagem que fizemos foi tão alucinante que se tornou até matéria de jornal! Capa do caderno de cultura. Quem vê as fotos pensa “é, a biblioteca era grande mesmo”, sem saber que as fotos revelam apenas uma das paredes de livros. Eram três. Sinto saudades da minha biblioteca. No entanto, os livros que eu tinha continuam guardados com muito carinho no meu coração e na minha memória.

Além dos livros, também tive que doar muitas roupas, vender os móveis e me desfazer de quase todos os presentes que ganhei de casamento, dois anos antes. Era tudo tão novinho! Deu uma tristeza tão grande! Ainda sinto falta de vários deles. Sei quem foi que me deu a maioria das coisas, mas elas ficaram apenas na lembrança.

Retrospectiva 2015-12

E é claro que eu não poderia sair do país sem um desespero final! Estava tudo pronto, arranjado, certo, confirmado. Contando os dias para nossa partida. E o que me acontece? Minha gatinha, a Alice, decide que o apartamento da minha sogra (onde estávamos hospedados temporariamente) era pequeno demais para ela. Como nós, Alice queria ganhar o mundo! E assim o fez. Faltando três dias para nosso embarque, ela simplesmente desapareceu. Foram os dois dias mais intensos de que me lembro. Todos os preparativos foram suspensos enquanto nós nos ocupávamos de cobrir o bairro inteiro de gritos e chamados. “Aliceeeeee…” Eu não aguentava mais ouvir a minha própria voz repetindo o nome dela. Fomos salvos por um milagre em cima da hora. Digo, pelo vizinho do condomínio, que viu o cartaz de procura-se, encontrou a gata no alto de um coqueiro, subiu lá em cima e trouxe ela para casa. Deu tudo certo, e hoje estamos aproveitando a vida nova com nossa gata canadense.

Retrospectiva 2015-13

Voltando ao universo dos livros, nesse ano A Canção das Estrelas esgotou! Mas já?! Pois é, foi bem rápido. Quem garantiu o seu exemplar trate de comemorar. Os demais, ainda podem encontrar a versão digital na Amazon. Os demais livros ainda estão disponíveis no site oficial, e uma novidade: A Rainha da Primavera foi transformado em audiobook! Com o auxílio de amigos e leitores, que incorporaram os personagens e mandaram suas vozes, esse ano pudemos lançar os capítulos um a um.

Retrospectiva 2015-14

Em relação aos leitores, além de receber inúmeras resenhas maravilhosas, organizei um concurso cultural. Fiz um desenho de Aisling, a personagem principal da série, e disponibilizei para os leitores colorirem. O resultado foi incrível! A soma da criatividade dessa galera resultou em uma galeria de imagens impressionante. Nela, podemos ver as diferentes formas com que pessoas diferentes encaram um mesmo personagem. Fiquei impressionada com o resultado e espero fazer isso de novo no futuro.

Retrospectiva 2015-15

Muita gente me cobra o terceiro livro da Série Crônicas de Myríade e estranha o fato de não ter acontecido nenhum lançamento em 2015. Não pensem que eu estou parada, muito pelo contrário! Escrevi como se não houvesse amanhã. Infelizmente, o livro que resultou do meu trabalho é impublicável. Como alguns devem saber, fiz um diário de imigração. Contudo, como o próprio nome sugere, ficou pessoal demais para ser lido por outras pessoas. Nele, expressei minhas revoltas, desejos e anseios. Uma parte de mim que é excessivamente forte e, ao mesmo tempo, excessivamente fraca. É difícil de explicar. Me desculpem, mas esse será o meu segredo.

Além disso, escrevi um terço de Fração de Segundo! Devo terminar os outros dois terços até o final do ano que vem. Antes disso, estou trabalhando em um projeto ainda sem nome, ainda secreto, mas que já adianto: é maior do que eu. Está sendo uma honra participar dele, e espero poder trazer novidades em breve. Resumindo, por mais que eu me dedique a um milhão de atividades, a escrita vem em primeiro lugar!

Retrospectiva 2015-16

Para finalizar, em 2015 comemorei 2 anos de casada, 3 anos do lançamento do meu primeiro livro e 5 anos de Estúdio Panda Vermelho. Me matei de estudar, me matei de trabalhar, me matei de escrever. E, quanto mais eu morria, mais me sentia feliz, entusiasmada e completa. Acima de tudo, esse foi um ano de realização de sonhos.

Que venha 2016, com seus mistérios, aventuras e oportunidades!

Um feliz ano novo para você, e até a próxima! 🙂

pluto

Para isso serverm os irmãos!

Quando eu era pequena, nós morávamos longe da cidade e meus pais chamaram uma empresa para cavar um poço artesiano na nossa casa. Todo dia a máquina tirava do buraco uma terra argilosa, depositando-a ao lado. Em pouco tempo, ali tinha uma montanha de argila.

Naquela época eu gostava de subir em cima da casa, que tinha telha de barro, e da lavanderia, que era de eternit. Certa vez, eu estava em cima da lavanderia, quando meu irmão atirou em mim uma generosa bola de lama. Eu esquivei e ele logo mandou outra. Foi bem divertido ficar fugindo das consecutivas bolas de lama, até que pisei de mal jeito e a telha quebrou. Me estatelei no chão, lá embaixo!

Foi uma choradeira, mas, por sorte, não me machuquei. Meu irmão falou pra eu correr e me esconder dentro de um anel de poço (pra quem não sabe, é isso aqui: link, tem 1,20 de diâmetro), e enquanto isso ele escondeu as telhas quebradas. Será que a gente pensou que nossa mãe não ia perceber o ROMBO no telhado da lavanderia??

Não sei porque, mas naquele dia não apanhamos. Nem tomamos bronca, nem nada. Acho que a queda já tinha sido uma punição suficiente pra ficar pulando em cima de telhado! Garanto que eu nunca mais fiz isso.

Musiquinha!

Da série “Pérolas que não devem cair no esquecimento”, um música que eu fiz quando tinha uns 8 ou 9 anos, enquanto cantava no chuveiro. É tosca e tem erros de concordância, mas eu não tenho vergonha de mostrar:

Conheci uma fada
Uma fada encantada
Ela era contemplada
Com o poder de ser amada

Um dia assim
Quando eu vim
Ela estava aqui
Cuidando de mim

Ela é mãe do meu irmão
Meu irmão do coração
Ela gosta muito dele
Mas não faz diferença, não

Para ela são iguais
Os filhos que à vida ela traz
E não tem comparação
De irmão pra irmão

Machismo

O mundo é machista. Infelizmente, muitas mulheres foram criadas fracas e dependentes, e se submetem às pressões da sociedade. Muitas não podem trabalhar, ou trabalham recebendo salário inferior ao dos homens; sofrem assédio moral, sexual, e se sentem presas a maridos que, muitas vezes, não merecem seu carinho.

Quando eu era criança, não sabia que esses absurdos aconteciam. Minha família me criou protegida em um mundo inocente, onde todas as pessoas tinham direitos iguais. Só fui saber disso quando decidi entrar no mercado de trabalho. Mas nessa ocasião eu já era uma mulher crescida e forte, e o machismo já não podia mais me afetar.

Não que eu vá queimar sutiã em praça pública! Mas eu sei que lugar de mulher é… onde ela quiser. E assim sou eu, faço minhas próprias escolhas e trilho meu próprio caminho. Obrigada, família.